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10 de fev. de 2009

CARTA DE AGASSIZ ALMEIDA

João Pessoa, 28 de janeiro de 2009

Exmo. Sr. Deputado Ricardo Benzoinni
Presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores-PT


Caro Ricardo Berzoinni,




Não posso calar-me; a minha consciência golpeada impele a dirigir este protesto, envolto de indignação e de dor.
Com o assassinato covarde do valente advogado Manoel Bezerra de Matos, tive a sensação de uma incredulidade furiosa. Lembro-me dele, na ocasião do lançamento do meu livro “A Ditadura dos Generais”, em Recife, e de quem ouvi, num toque de sensibilidade, que esta obra era de sua leitura permanente.
A longa manus sinistra do criminoso, sob o amparo de poderosas forças macomunadas com a omissão do Estado, abateu um forte.
Que natureza impetuosa! Tinha pressa em encontrar justiça num mundo de desencontradas e aberrantes injustiças.
Quando aquele jovem Manoel Bezerra avocou a si a luta em defesa dos direitos dos sem-Direito, ele fez desabar a ira de uma Medusa de mil tentáculos, enquistada no poder político e econômico.
Ressoa dentro de mim eco por sobre eco de um bravo que tombou.
Há uma tirania que se compõe da indiferença e da omissão do poder contra a qual devemos nos indignar.
Aquele lutador covardemente abatido em Pitimbu (PB), entrou para o processo de luta contra as injustiças sociais e os crimes abomináveis com a consciência fita nos horizontes da justiça e da liberdade. Perscrutou as almas dos fracos antes de compreender os homens. Sabia ouvir o soluço de um pobre como repelia com altivez a prepotência de um poderoso. Carregava-se de crenças sólidas no amanhã do povo brasileiro.
Com a tragédia fria e covarde da morte de Manoel Bezerra, enlutando a consciência dos homens livres, abre-se um despertar da nação contra a máfia dos extermínios.
O que o valente abatido deixou com o seu assassinato covarde, para os desvalidos sem voz e sem vez de todo o país?
Deixou um mundo novo de dignidade altiva.
Deixou esperanças àqueles que perderam a utopia.
Deixou sonhos em almas sobre as quais só pairavam trevas.
Deixou a energia de lutar.
Deixou a coragem de vencer o medo e de resistir.
Desde a sua adolescência, aquele nordestino impávido habituara-se a caminhar à beira dos abismos, onde pululam as mais torpes ambições humanas.
Manoel bezerra de matos, a quem o admirava por sua luta, veio para a vida com a energia e a coragem dos intimoratos; dela foi arrastado traiçoeiramente.
A sua morte não será em vão; ela traz consigo um golpe na humanidade, no seu pelejar constante pelo ideal de justiça e pelos direitos dos povos.
Trazer às barras de um implacável julgamento os criminosos executores e os seus mandantes de tão execrável crime impõe-se como dever de justiça perante a nação.

Saudações democráticas,

Agassiz Almeida
Escritor

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