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7 de mai. de 2008

75% das fugas em delegacias ocorrem em fins de semana

Aos sábados, domingos e feriados, número de policiais nas unidades prisionais da Bahia é reduzido
Cerca de 75% das fugas e tentativas de evasão de presos das delegacias baianas ocorrem nos finais de semana e em feriados, quando a quantidade de policiais nas unidades é menor. Em 2007, dos 370 fugitivos, 275 escaparam nesses dias. O número total de presos foragidos representa quase a capacidade máxima de presídios como os de Lauro de Freitas, Simões Filho e Valença, os últimos a serem construídos na Bahia. O delegado-chefe da Polícia Civil, Joselito Bispo, admitiu a redução do efetivo policial nas unidades, mas salientou que uma portaria da corporação determina um reforço no número de carcereiros.
No último feriado prolongado, o do Dia do Trabalho, a reportagem do Correio da Bahia flagrou várias delegacias sem carcereiro de plantão. Na sexta-feira, dia 2, não havia plantonista na 2ª DP (Lapinha), 4ª DP (São Caetano) e 10ª DP (Pau da Lima). Na véspera, feriado de 1º de maio, 14 presos fugiram da carceragem da 11ª DP (Tancredo Neves), onde também não havia agentes de plantão no xadrez, segundo o coordenador do Serviço de Investigação, Gilmar Montes.
O delegado-chefe Joselito Brito prometeu apurar a informação de que algumas delegacias não estão cumprindo a portaria, baixada no final de 2005 pelo então ocupante do cargo, Edmilson Nunes, com o objetivo de coibir o crescente número de fugas em delegacias. A portaria determina que sejam escalados dois policiais extras para carceragens com mais de 30 presos e quatro agentes para xadrezes que abrigam a partir de 50 detentos. Eles deveriam trabalhar em regime de plantão, divididos em dois turnos de 12 horas, diariamente, inclusive feriados.
Segundo Bispo, os policiais gostam de ser escalados para os plantões porque recebem pagamento extra por cada turno de 12 horas de trabalho. O delegado-chefe salientou que, apesar de a custódia de preso não ser responsabilidade da Secretaria de Segurança Pública (SSP), o órgão gasta um valor alto para fiscalizar as carceragens. O coordenador administrativo da Polícia Civil, Gildécio Souza, informou que os plantões custam à corporação R$300 mil por mês. Ele acrescentou que cerca de 300 policiais atuam nesta atividade, recebendo pouco mais de R$100 por dia trabalhado.
Mas o contigente mínimo de carcereiros não vem sendo respeitado em muitas delegacias nos finais de semana e feriados. Nos dias úteis e em horário administrativo, o policiamento é feito normalmente. A fuga ocorrida na 7ª DP (Rio Vermelho), na madrugada do feriado de Tiradentes, foi um exemplo clássico do problema. Oito presos escaparam da unidade depois de cerrar as grades da porta da carceragem e de uma janela, por volta das 3h, quando apenas um policial estava de plantão no setor.
Brecha - A portaria que regulamenta os plantões extras para custódias deixa ainda uma brecha que pode contribuir para fugas nas delegacias com menos de 30 presos. Nestas unidades, não existem carcereiros nos finais de semana, feriados e períodos noturnos, quando os detentos aproveitam para escapar. Os policiais que exercem cargo de coordenadores de custódia trabalham em horário administrativo, deixando o setor sem ninguém depois das 17h. A partir daí, os agentes que atuam no plantão acumulam o atendimento à população com a fiscalização do xadrez, incluindo a responsabilidade de servir a refeição aos presos.
Além de as fugas ocorrerem majoritariamente nos finais de semana, a maioria acontece entre a noite e a madrugada, quando a fiscalização ainda é menor. Os policiais não costumam ficar na ante-sala da carceragem, onde deveriam permanecer durante o plantão. Eles preferem manter distância do ambiente insalubre do xadrez, onde sujeira e mau cheiro imperam. Para driblar o desconforto, os agentes fazem ronda no local em intervalos não determinados, brechas perfeitas para facilitar a fuga dos presos.
Fonte: www.acmneto.com.br

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