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3 de mar. de 2009

Contaminação por lixo tóxico cresce nas grandes cidades

O problema aumenta, ano após ano, e pouca gente sabe. A repórter Marina Araújo investigou o assunto e descobriu que grandes cidades têm cada vez mais áreas contaminadas.

No ano passado, o número de áreas contaminadas cresceu 10%. Só 30% do lixo é feito de materiais que podem ser recicláveis. O restante precisa de um tratamento especial, que nem sempre é feito. Muitos dos produtos jogados no meio-ambiente colocam em risco a saúde das pessoas.
O lugar parece tranquilo, mas debaixo da terra tem muito lixo tóxico. “Aqui é um caldeirão químico. Você tem metano que é altamente explosivo e que já matou um trabalhador. Você tem benzeno que é altamente cancerígeno e as outras substancias associadas que podem se tornar lesivas em qualquer parte do corpo humano”, diz o morador Lindomar Oliveira Alvins.
O terreno era um lixão da empresa Cofap e foi vendido para a soma construtora, que junto com a empresa SQG e o aval da prefeitura de Mauá, na grande São Paulo, construiu prédios, onde vivem 1,8 mil famílias.
O mapa de contaminação do solo feito pela empresa de prospecção contratada pela construtora mostra os pontos em que a contaminação é mais intensa. O caso está na Justiça há oito anos, e os moradores temem pela própria saúde.
“Eu tenho uma alergia. A gente já tentou combater há oito anos e não está conseguindo”, afirma a síndica Aparecida Bolsarin.
O problema do lixo não-reciclável vem crescendo no país. Entre os materiais descartados, sem cuidado, estão: os agrotóxicos, restos de medicamentos, lixo hospitalar, resíduos industriais (como substâncias químicas, óleos, alguns tipos de plástico e até panos usados na limpeza), gesso de construção civil e telhas de amianto.
De acordo com a Companhia de Saneamento Ambiental de São Paulo (CETESB), o total de áreas contaminadas aumentou 10% no estado. De 2007 para 2008, passou de 2.272 para 2.514 áreas. Os grandes vilões são os postos de combustíveis e indústrias.
Uma empresa brasileira de cosméticos mostra que é possível produzir sem ameaçar o meio ambiente. Todo o esgoto e restos de produtos químicos são tratados em uma estação construída na fábrica.
Metade do volume de água que vem da estação de tratamento é despejado em um rio da região. Por incrível que pareça, a água da fábrica é bem mais limpa do que a água que flui. A água tratada, provavelmente, é quase tão pura quanto a água da nascente do rio.
A outra metade da água que sai da estação é reutilizada nos jardins e na limpeza. “Nós economizamos financeiramente, porque deixamos de usar a água que vem tratada das estações do governo, usando a nossa própria água que tratamos aqui internamente para o nosso consumo”, explica o gerente de engenharia industrial Alberto Takitini.
A parte sólida do lixo também tem utilidade. “A parte sólida é encaminhada para uma empresa que faz o processo de compostagem. Ou seja, ela vira um adubo orgânico”, ressalta o líder do núcleo de águas e energia, Douglas Barbosa Souza.
A cada ano, mais indústrias buscam empresas especializadas para tratar o lixo não reciclável. Em 2007, elas processaram seis milhões de toneladas de material perigoso para o meio ambiente. Mas não se sabe o quanto ainda está sendo produzido no país e ainda sem destino certo.
“Nossa legislação é até bastante restritiva. Ela é clara em definir os crimes ambientais e as penalidades. O que falta ao Brasil é um sistema de gerenciamento e de fiscalização efetivo que consiga fazer valer aquilo que está previsto na legislação”, aponta Diógenes Del Bel, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos (ABETRE).
A Cofap, empresa que enterrou o lixo na área onde foi construído o condomínio Barão de Mauá, afirma que as condições de segurança dos moradores vêm sendo atestadas por relatórios da CETESB.
Segundo laudos da prefeitura de Mauá, os resultados das análises da água indicam que não há riscos para a saúde dos moradores. Agora, os moradores não estão nem um pouco convencidos disso e tentam se mudar, mas não conseguem vender os apartamentos.

Fonte: Bom Dia Brasil , RG

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