Brasil

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3 de mar. de 2009

Rio completa 444 anos esbanjando beleza e simpatia

A cidade que todos chamam de maravilhosa comemorou ontem aniversário e foi comemorado do jeito que o carioca gosta: com sol, praia, decisão de campeonato no Maracanã e música.

Mais de 400 mil pessoas se despediram do carnaval, cantando e dançando com o Monobloco. À noite, 20 mil pessoas foram a um show em homenagem ao Rio, na Cidade de Deus, na Zona Oeste. Para agitar a multidão, teve Mart’nália e Dudu Nobre. A força do hip-hop marcou presença com MV Bill, que nasceu e vive até hoje na Cidade de Deus. Ele dividiu o palco com Caetano Veloso. No fim, todos cantaram a música-símbolo do Rio: “Cidade maravilhosa”. Rio de Janeiro: para muita gente, nem cabe explicação. Ou melhor: tem, sim. Veja a reportagem especial de Edney Silvestre. A cara do Rio: rostos que formam o mosaico da cidade de todos os sangues. Gente de terno e gravata da metrópole, capaz de ser também balneário das mulheres douradas, dos homens musculosos e do pôr-do-sol que merece aplausos. Essa é a cidade do povo que desde cedo se aperta em ônibus, lota os trens e tem o povo das festas populares, o povo do candomblé, das procissões católicas, dos templos evangélicos e das sinagogas. O povo do Rio não precisa ter nascido na cidade para ser chamado de carioca. Cidade das metamorfoses. Uma fortificação erguida em 1565 era pouco mais que um amontoado de ruas estreitas, escravos e liteiras. Quando Dom João VI, chegou surgiram palácios, bibliotecas e jardins. O Rio virou capital do vasto império português. No início do século 20, já capital do Brasil independente, teve o bota-abaixo de morros inteiros, o fim do casario centenário, a abertura de avenidas com ares parisienses, a construção de um teatro monumental e o nascimento do ritmo que revelaria ao mundo o gênio de Pixinguinha, de Carmen Miranda, Noel Rosa, Lamartine Babo e Ary Barroso. Essa gente do samba carioca que enfeitiçaria um roqueiro inglês chamado Richard Court. No Rio, ele se sentiu em casa e virou Ritchie. “Ser carioca é ser aberto, espontâneo. Tem esse humor especial que o carioca tem. Tem essa democratização geral que rola com a cultura de praia. Todos são iguais. É um pouco isso. Acima de tudo, é uma cidade muito alegre”, afirma o cantor e compositor. A cidade é do samba e do rock. Bethânia, Gal, Gil, Caetano são baianos? São cariocas por adoção, como a gaúcha Elis e como o fluminense Garrincha, encarnação da carioquice na dança dos harmoniosos dribles desconcertantes. Ou ainda, como Leovigildo Júnior, paraibano que virou craque nas areias de Copacabana e campeão muitas vezes no Maracanã. “Eu vim para o Rio com quatro, para cinco anos de idade. Quando eu desci no antigo Galeão e cheguei em Copacabana, até onde eu comecei a dar meus primeiros pontapés com a bola, eu acho que foi quando vi que eu tinha o espírito e a mentalidade carioca”, conta o ex-jogador de futebol Júnior. O rugir da multidão no Maracanã: nada no mundo é igual, ou melhor. Como nada no mundo se compara ao espetáculo das escolas desfilando no Sambódromo. São mais de seis milhões de pessoas vivendo, rindo, sofrendo, reclamando e fazendo piadas, nessa cidade entre as montanhas, lagoa e o mar. Foi junto do Pão de Açúcar que Estácio de Sá fundou a cidade a que ninguém resiste. Esse amor foi melhor traduzido por Antônio Carlos Jobim em uma canção que ele criou ao voltar de uma viagem ao exterior; “Samba do avião”.
Fonte: Jornal Bom Dia Brasil, RG

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