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9 de jan. de 2009

"Não tive apoio de alguns que se consideram reis do movimento"

diz Leo Kret
Por Marcelo Hailer

Que 95% dos candidatos gays não se elegeram, todo mundo já sabe. Porém, algumas candidaturas que entraram para as Câmaras de seus respectivos municípios podem dar início a fatos inéditos na história da política brasileira. É o que podemos dizer da eleição da transexual Leo Kret (PR-BA), em Salvador. Com 12.861 votos, ela e sua equipe garantiram vaga na Câmara Municipal na cidade baiana.

Em uma rápida entrevista, Leo Kret diz que focará o seu mandato na questões ligadas aos jovens, população carente e na comunidade LGBT. Sobre a sua relação com a militância homossexual da Bahia, a vereadora diz que contou com o apoio dos mais jovens e que não teve o apoio de alguns que se consideram "os reis do movimento". Confira a seguir a entrevista com a transexual eleita.

Esperava se eleger?
Sim, pois foi o povo que pediu, que esteve comigo durante a campanha. Como um aviso dos céus que estaria entre as mais votadas.

Você disse em entrevista que não teve apoio do movimento gay de Salvador. Em sua opinião, por que isso aconteceu?
Tive o apoio da Comunidade LGBT sim. Não tive o apoio de alguns que se consideram os reis do movimento. Mas, da Comunidade LGBT tive sim, muitos votos. Assim como veio [voto] do povo pobre, dos jovens e dos artistas, além dos votos de protesto.

Já pensou em seu discurso para o dia da posse? Poderia adiantar algo para nossos leitores?
Ainda estamos pensando, em equipe, mas vai ser uma síntese de minha vida, da construção de Leo Kret, do apoio do povo.

Pretende focar o seu mandato em quais questões?
Focarei nas questões ligadas a jovens, artistas, população carente e comunidade LGBT. Darei prioridade ao que o povo pede, no coletivo, para suas localidades, quando seremos intermediadores entre o povo e o executivo.

Acredita que com o seu mandato poderá diminuir o preconceito na Câmara e no ambiente político?
Claro que sim. Já há discussões na Câmara a respeito do banheiro que utilizarei, do nome no painel, etc. Agora sou uma representação de afeto e de direito, representando o povo que me elegeu. Portanto, devem respeitar estas questões e alterar os conceitos até então mantidos.

Dos 88 candidatos LGBTs, apenas 4 se elegeram. Por que acha que houve tão baixa eleição dessas candidaturas?
Fui muito criticada por alguns que dizem que não sou legítima representante LGBT. Nesta eleição, isto serve de exemplo, pois as lideranças atuais e do passado devem pensar no que construíram e se devem ou não mudar estas estratégias. Se são tão bons em suas ONGs, mais parecidas com redutos ou fortalezas, talvez devessem sair destas e alcançar o povo. Não que toda a ONG seja igual, mas determinadas são trincheiras que não contribuem, como antes, com a redução da homofobia, pois o tempo passa e a vida muda. Mudem estes também.
Fonte:Acapa

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