Brasil

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5 de jun. de 2008

O que fazer com tanto lixo acumulado nas grandes cidades?

Qual a imagem do atraso? Da pobreza? O lixo e o esgoto a céu aberto. O Brasil é rico em ambos. As grandes cidades são sujas e podem fazer mal à saúde. A população e o consumo aumentam, mas o que fazer com tanto lixo?
A ameaça aos mananciais de água pode prejudicar o abastecimento. É o que está acontecendo na Grande São Paulo. Alguns desses aterros clandestinos já foram interditados, mas outros devem ser fechados só nos próximos dias. E aí surge outro problema: onde colocar o que foi coletado?
A preocupação é que cheguemos a uma situação parecida com a de Nápoles, na Itália, que está tomada por lixo. Cada vez mais a coleta deixa de ser um problema de administração pública para se transformar em uma ameaça à saúde.
Um prato cheio para as aves: o lixão em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, funcionava no meio da Mata Atlântica, em uma área de preservação ambiental. O local foi interditado há apenas três dias, e a sujeira já se acumula na beira da estrada.
“Os moradores da vizinhança, que não têm onde jogar o lixo, vêm jogar agora aqui na beira da estrada. Em uma semana, se o problema não estiver resolvido, nós vamos ter aqui uma nova Nápoles”, prevê o escultor Redaud Guirar.
A crise do lixo brasileira pode não ser tão grave quanto à da cidade italiana, mas também produz cenas lamentáveis. Em Itanhaém, no litoral de São Paulo, até semana passada catadores iam ao lixão procurar comida. Em Araras, interior paulista, cavalos passeavam entre os resíduos e o chorume, um líquido gerado pelo material em decomposição com teor de poluição cem vezes mais alto do que o do esgoto doméstico.
De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, mais de 20% dos municípios de São Paulo não têm um lugar adequado para jogar fora tudo aquilo que é coletado. Esta semana, por causa do risco de proliferação de doenças e também da contaminação de mananciais e do solo, quatro lixões municipais foram interditados pelo órgão ambiental do estado. E ainda há outras áreas na mira da fiscalização.
“Há chance de novas interdições. Existem alguns municípios que estão prestes a ser interditados também pela operação inadequada desses locais e pela disposição inadequada de resíduos no solo”, explica Aruntho Savastano Neto, gerente de controle da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb).
Estima-se que, em média, cada brasileiro gere um quilo de lixo por dia. São 178 mil toneladas, mas apenas 140 mil são coletadas. O restante é jogado em qualquer lugar: nas ruas, rios e córregos, bem perto dos moradores.
O Norte e o Nordeste são as regiões que registram o maior número de internações provocadas pela contaminação do esgoto, bem acima do Sudeste, segundo uma pesquisa divulgada na quarta-feira (4) pelo IBGE. Um em cada cinco brasileiros que vivem nas cidades não tem acesso à rede de esgoto e só um terço do que é coletado recebe tratamento.
“Saneamento é saúde da população, qualidade do meio ambiente e também economia. Tratar a água dos rios para usar, seja para as indústrias, seja para o abastecimento humano, está cada vez mais caro, porque elas estão cada vez mais poluídas”, afirma o pesquisador do IBGE, Judicael Clevelário Júnior.
Parte do dinheiro para ampliar a rede de esgoto e para construir aterros sanitários poderia vir do próprio lixo. Para isso, seria preciso reciclar mais.
“No Brasil, se recicla em torno de 2%. Poderia reciclar em torno de 30% a 33%. A solução tem que ser urgente. Tem que ter essa coleta seletiva funcionando de uma maneira mais adequada, tem todo um processo”, diz o consultor Sérgio Forini.
Outro problema é o que fazer com o lixo radioativo. O único depósito considerado seguro hoje em todo o país fica é o de Abadia, em Goiás.
Fonte: Jornal Bom Dia Brasil RG

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