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29 de mai. de 2008

Livro A República das Elites

Origens de nossas desigualdades
Modesto, evitando sempre as consagrações das igrejinhas intelectuais, Agassiz Almeida, já há muitos anos vem construindo a sua obra literária, embasada em livros de ampla repercussão no país, desde o ensaio “500 Anos do Povo Brasileiro” até este livro recentemente lançado, “A Ditadura dos Generais”.
Deste autor, Agassiz Almeida, uma obra precisa ser analisada com profundidade, porquanto abrange um amplo estudo sobre a ideologia das elites do país e do intelectualismo, ambos entrelaçados num processo de asfixia do desenvolvimento do povo brasileiro, é, sem dúvida, “A República das Elites”.
Em varias universidades do país, esta obra é dissecada sobre determinadas facetas, sobretudo referente aos intelectuais do país, que sempre estiveram comprometidos com as elites, tanto as econômicas como as políticas.
A Republica das Elites abre uma nova e instigante visão sócio-política acerca das elites do país, destacadamente a vertente ideológica que a sustenta e o seu braço intelligentsia, que Agassiz Almeida chama de intelectualismo.
Para levantar esta construção, o autor revolveu o período da organização comunal lusitana,iniciada nos séculos XIV e XV, chegando até a sociedade globalizada dos nossos dias, amparada pelo império do caudilhismo financeiro que gestou uma elite reacionária e um intelectualismo distanciado da realidade.
Pelo modo como situa o homem brasileiro e as muitas adversidades que o desafiam na sua atribulada caminhada histórica, A República das Elites aparece como uma importante referência analítica acerca da realidade nacional, projetando-se na galeria dos nossos clássicos, ao lado de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, e “Os Donos do Poder”, de Raymundo Faoro.
Trata-se de uma obra fundamental. Alcança os séculos e suprime o espaço e o tempo, que flutuam à medida que mergulhamos em suas páginas. Destas emana percuciente análise sobre a formação da ideologia elitista, estabelecendo marcos comparativos entre a criação literária do país e os grandes pensadores das letras universais.
Esta obra fala aos que meditam, àqueles que vão buscar no situar dos fatos a permanente procura de verdade. Nela o pensador e o militante político se encontram em Agassiz Almeida, levando-se a acreditar que é na região das idéias que se erigem as grandes construções humanas.
“A República das Elites” é um livro audacioso, perturbador, poético e revolucionário; revolve as entranhas das classes dirigentes e denuncia um “intelectualismo” sempre de mãos estendidas ao poder. A presente obra rasga o véu de uma literatura comprometida com o elitismo.
O que há de verdade no mundo? Vê-lo como ele é e assim compreendê-lo. Nessa linha, A “República das Elites” analisa o mundo do Brasil e dos brasileiros, e o faz mergulhando em quase cinco séculos que nos falam tão alto e tão próximo de nós. Este livro retrata o elitismo que grassa na sociedade brasileira, numa linguagem eloqüente e cheia de paixão, trazendo à luz as particularidades do cenário em que se move o homem brasileiro. O autor nos deixa uma forte mensagem: a arte literária que deserta da realidade é uma covardia.
Para a leitura da obra de Agassiz Almeida é necessário adotar uma visão unitária e elevar-se por sobre ela, alçando um horizonte livre e percebendo o seu espírito homérico.
Percorrendo suas páginas, quem dela se aproxima defronta-se com o mundo que as elites criaram, suas vaidades, ambições e vazias ostentações. Descobrimos que por trás da estética literária podem esconder-se os interesses e valores das conservadoras elites brasileiras.
Fonte: O NORTE, João Pessoa

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