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3 de dez. de 2007

Pesquisa ajuda a enterrar projeto, avalia a oposição

Folha de S. Paulo
Da Sucursal de Brasília, da Reportagem Local

A oposição avaliou que a pesquisa Datafolha ajuda muito no esforço de enterrar um eventual projeto de terceiro mandato. "O resultado vai consolidando a certeza da sociedade de que o terceiro mandato seria um golpe. No momento em que o presidente Lula vem dando declarações de apoio a países que não são democráticos, o resultado sinaliza que o respeito à democracia é uma questão muito forte para a sociedade", disse o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) afirmou que a pesquisa mostra que "há uma reação muito grande no país" à idéia. Ele atribuiu o percentual de 31% de defensores do terceiro mandato de Lula aos beneficiários de programas sociais e aos outros "clientes do Estado", como os detentores de cargos comissionados. Para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), os 31% favoráveis ao terceiro mandato fazem parte do eleitorado cativo de Lula. "Ele volta para o patamar de onde talvez nunca devesse ter saído." O tucano admitiu ver um lado positivo em uma possível campanha pelo terceiro mandato. "Vão nos dar uma bandeira, como as Diretas-Já." Ele ainda comparou a possibilidade ao que chamou de "obscurantismo" dos presidentes Hugo Chávez e Evo Morales. Afirmou ainda que iria ver se "eles [governo Lula] têm convicção democrática verdadeira ou são aprendizes de ditadores sul-americanos cucarachos". O presidente do PPS, Roberto Freire, disse que a pesquisa "facilita o trabalho de acabar com o golpe do terceiro mandato". "Mas o assunto não se encerra, porque é uma tese com respaldo no PT e no governo." O líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar, disse que a pesquisa mostra que está enraizado na cultura que "não é bom uma pessoa ficar muito tempo no poder". "O curioso é que a popularidade do presidente é altíssima. Por inércia, poderiam dizer que, já que está aí, fique, mas não foi o que ocorreu." O ex-ministro da Casa Civil e deputado federal cassado José Dirceu colocou o assunto sob outra perspectiva política. "A reeleição do Fernando Henrique foi legal e constitucional, por que o terceiro mandato não pode ser?", disse, antes de votar na eleição interna do PT. Todavia, Dirceu ressaltou que é contrário ao terceiro mandato consecutivo e atacou a oposição pelo debate no Congresso. "Ninguém quer defender terceiro mandato. O Lula não quer terceiro mandato. A oposição não tem agenda para discutir. Então ficam inventando factóides." E completou: "Terceiro mandato é conversa para boi dormir". Os principais candidatos à presidência do PT comemoraram a pesquisa e negaram que o partido se empenhe por uma eventual aprovação da proposta. "A discussão [do terceiro mandato] é totalmente artificial", disse Ricardo Berzoini. Jilmar Tatto reiterou que o assunto não vem sendo discutido internamente no partido. "Não é pauta política nossa. Não discutimos o terceiro mandato", disse ele, após votar na eleição do PT em São Paulo. José Eduardo Cardozo criticou os debates sobre o tema. "Não podemos mais discutir casuisticamente mudanças da política brasileira", ponderou. Valter Pomar diz que o assunto foi criado pela oposição e não faz parte da pauta petista. "A questão do terceiro mandato foi criada pelo FHC e pelo PSDB. Essa é uma confissão de incompetência do partido."

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