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22 de jan. de 2009

"Policiais viram e não fizeram nada", diz jovem vitima de agressão homofóbica

Anuncie No dia 04 de janeiro, sexta-feira, Michael Garcia voltava de uma boate e ficou na porta do Metrô Consolação aguardando a abertura da estação. "Era mais ou menos umas 4h10 da manhã, estava em frente ao metrô. Aí uma menina chegou e pediu cigarro pra mim, e disse: 'um cigarro não, quero o maço inteiro'. Quando fui perceber, um outro menino veio por trás e me deu uma gravata, aí um grupo todo começou a me bater".
Michael não estava sozinho, mais três amigos o acompanhavam. "Eles também foram agredidos", relata. "Tinha muita gente esperando o Metrô abrir e do outro lado da rua Augusta, sentido Jardins, tinha alguns policiais e eles não fizeram nada", continua Michael. Por sorte, a vítima conseguiu se esquivar e fugir. "Saí correndo, parei um carro e pedi socorro. Esse cara me deu uma carona até o hospital".
Revoltado, a vítima não se conforma com a covardia do grupo. "Eles foram muito covardes, um ficou me segurando enquanto os outros me batiam, a minha sorte é que não caí no chão e consegui fugir. Eles estavam em seis ou oito pessoas. Imagine se eu tivesse caído, eles teriam acabado comigo".
Lesões ficaram pelo seu corpo. "Machucaram-me bastante. Terei que fazer uma cirurgia no nariz e depois outra no olho direito, o esquerdo também está machucado, está roxo. Fiz B.O e depois fui ao IML (Instituto Médico Legal) fazer exame de corpo e delito". A homofobia se concretiza quando Michael diz que "eles [os agressorers] não levaram nada, apenas me agrediram". Muito assustado, Michael Garcia diz estar com muito medo e que agora só sai "se tiver dinheiro para ir e voltar de taxi".
Região tensa
A reportagem do A Capa conversou com a delegada Dra. Margarette Barreto, que está a frente da DECRADI (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância). Ela reconhece que a região da Augusta concentra um grande número de diversos tipos de pessoas. "Já fizemos blitz na rua Augusta, mas lá é uma área que concentra muitas pessoas, tanto skinheads quanto homossexuais. Nós não podemos impedir as pessoas de irem pra lá [rua Augusta], pois se trata de um espaço público".
Dra. Margarette diz que segundo o relato do menino os responsávei pelo ataque "não eram skinheads". "Eles [os agressores] usavam alargadores e skinheads não usam alargadores". Sobre a investigação, a delegada disse que já está agendado um depoimento com a vítima. "Ele já foi convidado a vir conversar com a gente, fazer um relato e ver se identifica algum agressor em nosso arquivo que é atualizado". Desde 2007 a DECRADI trabalha com o mapeamento de grupos intolerantes no Estado de São Paulo.
Cassio Rodrigo, coordenador da Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual (CADS), diz que há um trabalho feito em parceria com a DECRADI onde ocorreu o ataque. "Temos trabalhado na região da Augusta por conta de todos aqueles ataques que ocorreram entre final de 2007 e 2008 em alguns bares da região". Cassio faz ainda um apelo e pede para aqueles que sofrerem algum tipo de discriminação "façam a denuncia na DECRADI, no Centro de Referência, e na CADS. Aí teremos mais dados para trabalhar", finaliza.
Fonte: Acapa

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