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12 de mar. de 2009

Brasil teme recessão após queda histórica do PIB

Índice do quarto trimestre de 2008 é o pior em 13 anos. O que esperar de 2009? Economistas prevêem crescimento perto de zero.

Recessão é uma palavra que ninguém quer ouvir ou dizer. O temor aumentou na terça-feira (10), depois da queda histórica na economia brasileira. O consumo caiu, a indústria caiu, caíram os investimentos. São números assombrosos nos últimos três meses do ano passado. O Bom Dia Brasil conversou com empresários, sindicatos, economistas e consumidores para saber: é possível prever o que vai acontecer este ano? Mudaram os planos?

De maneira geral, dá para dizer que está todo mundo prendendo a respiração segurando com o fôlego. O humor varia bastante de acordo com o setor. A indústria metalúrgica está um pouco mais otimista porque, com a isenção de impostos, as vendas melhoraram bastante no começo do ano.
A construção civil, no entanto, suspendeu os investimentos. O consumidor, com medo de perder o emprego, também está bastante cauteloso – e não é à toa. A queda no PIB no último trimestre de 2008 foi a maior em 13 anos.
O consumo das famílias representa 61% do PIB. Em outubro, novembro e dezembro do ano passado, a taxa foi negativa (-2%) em relação ao período anterior.
“Estou comprando, mas com regras. Se a gente exagerar, fica complicado. A gente não sabe como vai ficar daqui para frente”, comenta um senhor.
“Eu iria comprar um carro agora, mas vou esperar essa crise passar para fazer essa compra”, diz uma senhora.
“Muitos consumidores vão ficar mais conservadores por conta das tendências de desemprego. Acho que o principal instrumento para amenizar os efeitos da crise mundial sobre a economia brasileira é a taxa de juros. Tem espaço para isso, o Banco Central tem margem para ser agressivo”, aponta o economista Maílson da Nóbrega.
Foram números assustadores. O PIB, que é a soma de todas as riquezas produzidas pela economia do país, foi nos meses de outubro, novembro e dezembro 3,6% menor do que o trimestre anterior – os meses de julho, agosto e setembro.
Antes da crise, com mais dinheiro circulando, o crescimento era de 6,4% nos primeiros nove meses de 2008. Aí veio a crise mundial, e a economia brasileira encolheu. O crédito e o consumo caíram. O comércio vendeu menos, e a indústria produziu menos riquezas.
Todos os setores da economia sentiram o golpe: investimentos, indústria, serviços e agropecuária. Ainda sim, no fim do ano passado, houve um crescimento em relação ao mesmo período de 2007: 1,3%. O PIB de 2008 fechou em 5,1%. Chegou a R$ 2,9 trilhões – abaixo de 2007 e acima de 2006.
O empresário Franklin Pereira queria um financiamento para ampliar a padaria. Cauteloso, evita ir ao banco.
“Não chegamos a ir ao banco nem procuramos até por medo mesmo dessa crise mesmo. Nós adiamos o investimento nessa reforma, mas pretendemos retomar agora esse ano”, comenta.
Nos três últimos meses do ano passado, o brasileiro comprou menos. Pela primeira vez desde 2003, a taxa de consumo das famílias foi negativa. Empresários apontam entraves para a retomada do consumo.
“As duas principais dificuldades são a falta de crédito e a falta de demanda. A equipe econômica deveria baixar drasticamente a taxa básica de juros e estreitar as reuniões do Copom. Em vez de as reuniões acontecerem a cada 45 dias, deveriam ocorrer no máximo a cada 15 dias para ter um acompanhamento mais ágil e reduzir com mais velocidade a taxa básica de juros”, sugeriu o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.
“Se não tivermos um quadro de grande recuperação no segundo semestre, é possível que tenhamos crescimento zero no setor industrial”, prevê o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto.
O crédito escasso freou o mercado imobiliário. Uma construtora congelou o lançamento de novos prédios e espera retomar o ritmo a partir do segundo semestre.
“A partir do momento que o crédito chega às mãos de quem pode produzir, o Brasil volta a crescer. Volta a captação, voltam os impostos, volta o consumo. O mercado passou já por uma lição de ajuste, uma lição de conduta. Na nossa expectativa, vamos estar retomando isso de uma maneira mais estável”, avalia o diretor da construtora Mauricio Bianchi.
“Daqui para frente, a economia deve exibir crescimentos se não nesse trimestre, no próximo. Mas um crescimento a uma taxa bem mais lenta do que a gente tinha antes da crise”, prevê o economista Celso Toledo.
A empresa de energia CPFL, que atende mais de 56.0 municípios em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná, registrou aumento no consumo de eletricidade nas residências e indústrias. Na segunda semana de fevereiro, nas fabricas de papel e celulose, o consumo foi 15% maior do que no mesmo período do ano passado. Os setores de química e embalagens e as metalúrgicas também gastaram mais energia do que em dezembro.
Fonte: Jornal Bom Dia Brasil, RG

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