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28 de fev. de 2009

Fim do pesadelo com transatlântico à deriva no Uruguai

Depois de 24 horas isolados em alto-mar, passageiros já estão em terra firme. Foram momentos de pânico provocados por um incêndio na casa de máquinas do navio.
Carlos de Lannoy Punta del Este, Uruguai Edney Silvestre Rio de Janeiro

Acabou o pesadelo em alto-mar. Os 1,5 mil passageiros que ficaram à deriva na costa do Uruguai já desembarcaram. O navio italiano “Costa Romantica” ficou mais de 24 horas parado no mar depois que um incêndio atingiu a casa de máquinas.

Acompanhe o caso no G1
Consertado o gerador de energia, o transatlântico “Costa Romantica” navegou até a Baía de Maldonado durante a noite para permitir o desembarque. Mas a operação foi demorada. Primeiro saíram as malas. Os passageiros só começaram a deixar o navio de madrugada.
Às 3h (hora local), uma longa fila de passageiros desembarcou do navio. Para a maioria, a viagem não terminou em Punta del Este, no Uruguai. Ainda faltam duas horas para chegar a Montevidéu. Era o fim de uma viagem que começou na segunda-feira (22), no Rio de Janeiro, e deveria terminar nesta sexta-feira (27) em Buenos Aires.
Muita gente reclamou da falta de informação e da demora em consertar o navio. Uma argentina disse que o filho passou o dia comendo pão, porque não foram servidas refeições. Alguns passageiros deixaram o navio muito irritados.
“Um descaso total. Não tem condições de ir ao banheiro. Tudo fedorento”, disse um jovem.
“Ninguém falou o que tinha acontecido. Depois a gente sentiu um cheiro de fumaça. A gente subiu ao andar da piscina, onde dá para ver a chaminé. Na hora em que eu cheguei, só tinha fumaça. Teve gente que viu labareda de fogo. Aí demorou um tempão para falar o que estava acontecendo. Foi o dia inteiro enrolando hoje”, contou um senhor.
“Tinha fezes e urina por todos os lados do navio. A gente estava preocupado com a comida, que estava acabando, e como essa comida estava sendo preparada. Se a gente não conseguia lavar a mão, a tripulação também não conseguia lavar as mãos”, relatou outro passageiro.
Apesar do susto e do desconforto, também houve elogios à empresa. “Eles foram extremamente gentis. O problema é que eles se perderam na hora de distribuir as pessoas”, contou uma senhora.
Dezenas de ônibus foram deslocados para levar os turistas até hotéis em Punta del Este e Montevidéu. Nesta sexta-feira (27), eles serão levados de avião para Buenos Aires ou de volta para o Brasil.
Análise dos engenheiros
Engenheiros tentam entender que problema teria ocorrido durante esse cruzeiro do Rio de Janeiro a Buenos Aires. Foram 24 horas parado no mar. O problema começou na noite de quarta-feira (25), interrompendo um cruzeiro iniciado três dias antes.
O navio partiu do Rio de Janeiro na segunda-feira (23) com destino a Buenos Aires, onde deveria ter chegado ontem, dia 26. Ao todo, 1.479 passageiros estavam a bordo. Desses, 338 seriam brasileiros, segundo a empresa responsável pelo cruzeiro. O incêndio, que teria acontecido na sala de máquinas, foi controlado. Mas a partir daí os passageiros ficaram sem luz, sem água e sem alimentos.
O transatlântico italiano “Costa Romantica” foi construído em 1993 e reformado em 2003. Como é possível uma embarcação com a tecnologia do século 21 sofrer uma pane dessa envergadura e ficar à deriva no oceano?
“Se pegou fogo na casa de máquinas, por exemplo, comprometerá todos os grupos geradores e todos os motores de propulsão. Com isso, o navio vai ficar impossibilitado de navegar e de gerar energia e, consequentemente, água doce para suprimento da tripulação”, explica o engenheiro Paulo Rabello.
Se o incêndio atingiu apenas um gerador, teria sido fácil de consertar?
“Se foi uma pane localizada, sim. Aliás, o navio tem mais do que um grupo gerador e mais do que um motor”, acrescenta o engenheiro Paulo Rabello.
Fonte: Jornal Bom Dia Brasil, RG

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