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9 de mai. de 2008

Vice da Força é dirigente de entidade que recebeu R$ 82 mil

Eleno José Bezerra também preside o Sindicato dos Metalúrgicos de SP; para PF, quantia veio de fraudes Santa Tereza, operação federal que desmontou esquema de desvio de recursos do BNDES, descobriu que a organização criminosa repassou R$ 82 mil para a ONG Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Pesquisa Política, Social e Cultural do Trabalhador - Luta e Solidariedade.
Os investigadores estão convencidos de que esse dinheiro fazia parte do montante do qual o grupo se apoderou a partir de contratos fraudulentos para obras de prefeituras.
Do cadastro da Rede Infoseg, da Secretaria Nacional de Segurança Pública, consta que a ONG iniciou atividade em abril de 2002 e seu principal dirigente é Eleno José Bezerra, vice-presidente da Força Sindical e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, do qual é tesoureira Elza Pereira, mulher do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). Registro oficial indica como endereço da ONG a Rua Galvão Bueno, 747 - que abriga instalações do próprio Sindicato dos Metalúrgicos e de um restaurante popular da Força, central sindical que é presidida por Paulinho.
A pista para chegar a essa ONG é um canhoto de cheque recolhido na casa do empresário Marcos Vieira Mantovani, apontado pelo Ministério Público Federal como consultor da quadrilha. A apreensão ocorreu na manhã de 24 de abril, quando a Polícia Federal prendeu 10 suspeitos de integrar o esquema BNDES.
Mantovani é dono da Progus Consultoria. Transitava bem em administrações municipais e no BNDES, onde tinha como parceiro João Pedro de Moura, ex-assessor de Paulinho. Cabia a ele indicar a prefeitos que em parceira com o grupo acertavam o caminho mais rápido para aprovar projetos no BNDES.
FLUXO DE CAIXA
O rastreamento confirmou que o cheque de R$ 82 mil caiu na conta do Luta e Solidariedade. A Polícia Federal quer abrir judicialmente o sigilo bancário da ONG para verificar seu fluxo de caixa. A PF quer saber também qual sua finalidade e como ela se mantém. As anotações do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica não contêm dados sobre os objetivos da entidade.
Os investigadores suspeitam que o Luta e Solidariedade e outras organizações não-governamentais se valiam de recursos desviados do BNDES. O primeiro alvo é a Meu Guri, presidida por Elza Pereira.
Eleno Bezerra não quis falar com a reportagem. Por sua assessoria, negou ter ligações com o instituto. Afirmou que "não é verdade" a informação de que dirige a ONG. Reiterou que não é responsável por nenhum instituto, que responde "apenas pelo Sindicato dos Metalúrgicos em São Paulo e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos". Mantovani, que continua preso, não depôs. Escolheu o silêncio. João Pedro de Moura, preso também, só vai falar em juízo, segundo sua defesa.
Fonte: O Estado de S. Paulo

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